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Paraíba é o único estado do Brasil que investe em empreendimentos na Expo Favela

A Paraíba é o único estado da federação brasileira onde empreendimentos de favela tiveram a oportunidade de concorrer ao prêmio de R$ 40 mil durant...

11/11/2024 às 16h23
Por: Rede THAP de Comunicação Fonte: Secom Paraíba
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Foto: Reprodução/Secom Paraíba
Foto: Reprodução/Secom Paraíba

A Paraíba é o único estado da federação brasileira onde empreendimentos de favela tiveram a oportunidade de concorrer ao prêmio de R$ 40 mil durante a Expo Favela, que aconteceu nos últimos dias 1, 2 e 3 de novembro, na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa. A iniciativa é promovida pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties), em parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq-PB).

O objetivo é possibilitar que esses empreendedores invistam no crescimento de seus negócios. Além do dinheiro, os ganhadores estão com vaga garantida em cursos de capacitação empresarial e mentorias no Parque Tecnológico Horizontes de Inovação. O destino dado ao fomento governamental é uma decisão baseada em uma política destinada a impulsionar a economia no “andar térreo”, o maior da pirâmide social. Ao todo, R$ 800 mil foram divididos entre 20 empreendedores que venceram todas as etapas de avaliação.

Com isso, em apenas dois anos, desde a criação da pasta estadual para tratar das ações das áreas de ciência, tecnologia, inovação e ensino superior, a Secties atua com impacto e transformação social e econômica na sociedade. Adotando políticas voltadas para um público cujas oportunidades estão praticamente fora de alcance, o Governo da Paraíba potencializa negócios de favelas e comunidades e impacta as localidades onde eles estão inseridos.

O evento iniciou com uma pré-programação nos dias 29 e 30 de outubro, em comunidades periféricas de João Pessoa. Palestras, mentorias e oficinas foram dadas para moradores das comunidades do Citex, São José, e nos territórios de Muçumagro e Maria de Nazaré. Entre os dias 1 e 3 de novembro, a essa programação foram acrescentadas as exposições dos empreendimentos e dos parceiros do evento, pitches de startups, rodadas de negócios, cursos e uma feirinha. A Secties participou com atrações em um estande interativo.

O vice-governador da Paraíba, Lucas Ribeiro, marcou presença no sábado (2) e ressaltou que “a Expo Favela celebra a criatividade, a pluralidade, o talento e a força dos empreendedores e artistas das nossas favelas”. “Estou muito feliz com o resultado e a parceria entre a Central Única das Favelas (CUFA) e o Governo do Estado”, completou.

No espaço da Secties, Lucas Ribeiro disputou uma partida do jogo interativo promovido no stand. “É uma ótima iniciativa, fazendo com que, de forma dinâmica e lúdica, as pessoas conheçam mais sobre os projetos, sobre o que a Secretaria tem realizado em todo o Estado, com grandes projetos, como o programa Celso Furtado, o projeto Bingo, o Parque Tecnológico Horizontes de Inovação”, frisou o vice-governador.

A gestora de Programas e Projetos da Secties, Elis Barreiro, reconheceu o empenho dos 60 concorrentes na Expo Favela, não menos habilitados do que os ganhadores. “Eu sei que todos esses 60 negócios que estão concorrendo chegaram aqui por causa da força de vontade, de uma necessidade de sobrevivência, necessidade familiar… Empreenderam porque tinham um sonho: poder sustentar a família, ter uma renda melhor, ter uma vida melhor. E nosso objetivo era fazer com que esse sonho pudesse ser compartilhado por mais pessoas”, disse.

A presidente nacional da CUFA e coordenadora geral da Expo Favela Paraíba, Kalyne Lima, afirmou que o aporte do Governo do Estado vai fazer a diferença na vida dos empreendimentos de favela que participaram do evento. “Poder contar com a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado e o Governo do Estado, trazendo um prêmio tão robusto para um número tão elevado de participantes, é a concretização de uma política pública que fomenta esses negócios, que traz oportunidade e que promove transformação de forma efetiva”.

Os desafios de ser um empreendedor periférico

Segundo informações da Confederação Nacional dos Municípios, as favelas e comunidades brasileiras geraram cerca de R$ 200 bilhões na economia. “A movimentação financeira é vista como um importante indicador econômico ao tempo em que apresenta esses territórios, tidos como vulneráveis, como verdadeiros celeiros de talentos”, considera a instituição.

Esse cenário é fruto dos esforços de muitos empreendedores, como o caso de Luanderson Lopes, em João Pessoa. Ele, que é cofundador da marca Mazeled, nascida no bairro de Mangabeira, exemplifica a realidade de quem precisa tocar um negócio estando nas periferias. “A gente passa por muitos perrengues. Nem sempre a loja tem uma demanda alta e a gente tem que suprir da maneira que dá, fazendo o que dá para poder sobreviver: motoboy, MC, faz uma arte, faz feira, faz tudo”, explicou.

Na Grande João Pessoa, mais precisamente em Bayeux, o empreendedor Plug resume sua experiência empreendendo na favela como “um corre”. “A gente que vem da rua sabe o quanto a gente corre para conseguir as coisas e produzir o que a gente pensa, aplicar as coisas que a gente imagina”, pontuou.

Criador da marca Sauce, Plug reforça que, um dos pilares para o bom desenvolvimento dos negócios é o estudo. “Eu corri pros estudos para primeiro aprender as técnicas e ter o embasamento teórico correto para aplicar o que eu imaginava como marca. Aprendi a desenhar, a produzir as peças gráficas e daí então eu consigo colocar todo esse conhecimento na minha marca”, finalizou.

Para ambos, eventos como a Expo Favela abrem portas para seus negócios. A feira funciona como uma vitrine, que possibilita outras pessoas - que, talvez, não tivessem acesso à marca - conhecer esses negócios e consumi-los. E, em alguns casos, a participação é coroada com o prêmio de R$ 40 mil do Governo da Paraíba, por meio da Secties em parceria com a Fapesq-PB, como aconteceu com a Sauce Loja.

Selecionados na edição Paraíba disputarão na Expo Favela Nacional

A aposta do Governo da Paraíba em empreendimentos oriundos de favelas revelou-se exitosa na primeira edição da Expo Favela, em 2023. Naquele ano, o Governo do Estado também aplicou em premiação, mas com um valor menor, como explica Elis Barreiro: “O aumento dos investimentos de R$ 400 mil para R$ 800 mil e a ampliação do número de empreendedores beneficiados de 10 para 20, demonstra o compromisso do governo em promover a transformação social por meio do estímulo ao empreendedorismo e à inovação”.

Sendo um evento de abrangência nacional, a Expo Favela seleciona 10 empreendimentos, em cada estado do Brasil, para o grande encontro em São Paulo, entre os dias 06 e 08 de dezembro. Portanto, dentre os 20 premiados pelo Governo da Paraíba, 10 estarão representando o estado no encontro nacional.

Um dos critérios de seleção dos empreendimentos é o impacto social, causado na comunidade em que vive, a exemplo, ‘Mulheres Negras do Campo’, uma Associação de mulheres Quilombolas do Gurugi, no município do Conde-PB, que se dedicam à produção de salgados, pães e doces, todos elaborados à base de inhame, batata doce e macaxeira. A associação também produz geleias de frutas e atende a diversos públicos por meio de parcerias com empresas e projetos sociais. “Uma mulher negra, descendente de quilombola, lutando pelo seu quilombo. Essa é uma vitória que vou levar para o meu quilombo e transformar aquele lugar, juntar mulheres para formar uma nova história, eu estou muito Feliz!”, falou Claudineide Rodrigues.

“Com esse recurso que ganhamos vamos poder ampliar meu atelier de trabalho, aumentar a estabilidade para criação de novos acessórios, ampliar as vendas no site e outras coisas que nem consigo mensurar agora de tão feliz que estou por me encontrar entre os TOP 10 Paraíba Expo Favela!”, declarou Lígia Emanuele, da Entorno Acessórios, uma empresa que imprime o conceito de afirmação coletiva Preta.

O artesão Geek da Always, Leudo Lima, sairá de Patos, no Sertão, para São Paulo: “Eu não esperava por esse prêmio. Eu comecei a produzir em 2017, porque sou fã de produtos geek, mas não tinha acesso por serem caros. As peças que eu fazia para mim despertaram o interesse dos meus amigos e aos poucos comecei a vender. Agora pretendo ampliar o ateliê e dar oficinas para outras pessoas aprenderem a técnica”.

A observação feita por Elis Barreiro, em entrevista, revela a importância da política pública. “Geralmente a nossa área de ciência e tecnologia não atinge de forma direta empreendimentos dessa natureza, e desde 2023 que a gente quebra esse paradigma, porque o governo do estado é um governo que gera oportunidade e inclusão”, concluiu a gestora.

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