Além da diversão, a cultura serve como instrumento para a manutenção da identidade, resgate da história e preservação da memória de um povo. Na última quinta-feira, 10, o auditório da Universidade Federal de Sergipe - Campus Laranjeiras recebeu o terceiro dia da programação comemorativa dos 50 anos do Simpósio do Encontro Cultural de Laranjeiras. A iniciativa é promovida pelo Governo de Sergipe, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), com coordenação geral do Conselho Estadual de Cultura (CEC).
O Simpósio conta com parcerias da UFS e do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE), além do apoio da Prefeitura de Laranjeiras. Com três mesas-redondas, o terceiro dia foi marcado pela apresentação de trabalhos que destacaram a história de grupos sergipanos e os esforços que culminaram na realização da primeira edição do evento.
A manhã começou com a mesa-redonda “Reflexões sobre as Culturas Populares do Brasil Contemporâneo”, mediada por Frank Rolim e composta pelos pesquisadores Cáscia Frade, Luciano Lima Souza e Maria Augusta Mundim Vargas. Os debates abordaram as transformações e desafios das culturas populares no cenário atual, destacando sua relevância como forma de resistência e expressão identitária.
Em seguida, a apresentação da mesa “Culturas Populares, Comida, Louvor e Louvar”, enfatizou o ato de cozinhar e se alimentar como elemento de comunhão e preservação de tradições. Mediado por Luzia Nascimento, da Academia Sergipana de Letras (ASL), o debate contou com as contribuições dos pesquisadores Raul Lody, Janaína Couvo, Alexandre Marques e Luana Almeida.
A última mesa do dia, intitulada “50º Simpósio do Encontro Cultural de Laranjeiras: Relatos, Experiências, Memória e Diálogos Geracionais”, reuniu importantes personalidades da cultura sergipana: Aglaé D’Ávila Fontes, Beatriz Góis Dantas, Verônica Nunes e Jackson da Silva Lima. Mediado pela professora Maria Augusta Mundim Vargas, o debate trouxe relatos sobre o início do Encontro Cultural de Laranjeiras, em 1976, e sua consolidação como o maior encontro cultural do Nordeste.
“Foi justamente esse Encontro que deu projeção não só nacional, mas internacional à nossa cultura imaterial popular. Pesquisadores do mundo todo se encantaram pela parte material da cidade e pela preservação cultural desses elementos. Estou feliz em ver no que o Encontro e o Simpósio se tornaram”, afirmou o pesquisador Jackson da Silva Lima.
A professora Aglaé D’Ávila Fontes, em uma apresentação dinâmica, trouxe cantigas de roda e folclóricas, como “Um Buquê de Rosas”, do Reisado, e destacou o papel da cultura na construção identitária. “Sergipe pode ser pequeno, mas está sempre cheio de coisas, porque a memória em torno dele é fértil e diversificada. Aqui tem toré, canjica, a queima do Judas, a queijada, tudo isso misturado que forma a nossa identidade”, afirmou.
A professora Verônica Nunes, que começou acompanhando o Simpósio como plateia, comentou sobre as interações proporcionadas pelo evento. “Se a memória é o fio condutor que conecta essas gerações, o passado vai se mantendo vivo, registrado em documento, seja ele escrito ou oral. O Simpósio transforma e é transformado pelas interações que promove, fortalecendo os laços entre gerações e revitalizando a memória coletiva”, afirmou.
Neste sábado, 11, a partir das 8h, no auditório da Universidade Federal de Sergipe - Campus Laranjeiras, acontece o último dia de programação do 50º Simpósio. As atividades incluem diálogos com mestres e mestras das culturas populares, conferências e uma mesa-homenagem ao historiador Luiz Antônio Barreto.