A Universidade Estadual de Londrina (UEL) comemora a liberação de R$ 1,2 milhão voltados à aquisição de equipamentos que irão garantir avanços nas pesquisas com os chamados materiais cimentícios impressos. O investimento é da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), obtido do Fundo Paraná. A partir da disponibilização do montante, em meados de junho, e a conclusão do processo licitatório, a expectativa é que os equipamentos estejam disponíveis para os pesquisadores ainda no primeiro semestre de 2025.
O anúncio oficial foi nesta segunda-feira (20), em cerimônia que contou com a presença do reitor em exercício, Airton Petris, pró-reitores, diretores de centros de estudos, professores e membros da administração da UEL. O secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona, participou de forma virtual.
Alternativa eficiente e com menor impacto ambiental, a construção de “moradias impressas” depende da utilização de uma impressora 3D específica, com alta capacidade de extrusão (liberação) e empilhamento dos materiais cimentícios e que seriam capazes de construir casas populares de 38 m².
Além desta impressora, os recursos irão garantir a compra de uma impressora menor, voltada aos testes com novos materiais, bem como a aquisição de uma empilhadeira para conferir agilidade no trabalho. Também estão inseridos no projeto a instalação, garantia e treinamento presencial concedido pela empresa fabricante, bem como a compra de insumos e materiais específicos.
O pró-reitor de Planejamento (Proplan) da UEL, Sérgio Carlos de Carvalho, destacou que o projeto tem o potencial de promover um profundo impacto social, uma vez que visa projetar e desenvolver tecnologias que possam subsidiar a construção de residências voltadas à população que vive em situação de vulnerabilidade social.
“A universidade está produzindo conhecimento que vai chegar na sociedade e vai dar conta destas demandas, linkando a indução da busca por recursos e o desenvolvimento de conhecimento científico, e este conhecimento gerando um produto social bem ativo e profundo. Este projeto pode ser norteador de políticas habitacionais para o Paraná e para o Brasil porque a tecnologia e o conhecimento desenvolvidos aqui estarão disponíveis”, destaca.
De acordo com a coordenadora do projeto, professora Berenice Martins Toralles, pesquisas com os materiais cimentícios impressos vêm sendo realizadas no Departamento de Construção Civil (CTU) da UEL desde 2018. “Nasce com os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) que fizemos já visando passarmos para uma impressora mesmo. Nosso ponto foi estudar materiais que pudessem ser imprimíveis”, diz.
“A impressão 3D pode ser usada para muitas coisas. Podemos fazer habitações de interesse social, moradias, mobiliário urbano. O nosso foco hoje seriam moradias para pessoas em condições de vulnerabilidade”, acrescenta a professora.
Por meio de uma parceria com a Unicesumar, de Maringá, no Noroeste, o Departamento de Construção Civil da UEL já pôde desenvolver um protótipo de uma casa popular com sala de estar e dois quartos, agora com o objetivo de desenvolver uma residência em tamanho real.
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FORMAÇÃO– Em paralelo ao almejado impacto no déficit habitacional ou para localidades atingidas por catástrofes, como o Rio Grande do Sul, o avanço do projeto deverá colaborar na formação de recursos humanos. Atualmente, nove estudantes do Departamento de Construção Civil e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPGECiv) da UEL estão envolvidos em pesquisas com materiais cimentícios impressos. Dentre estes, três são de doutorado, três de mestrado e três são graduandos em Engenharia Civil bolsistas de Iniciação Científica (IC).
Entre os objetivos próximos, está o desenvolvimento de novos materiais junto ao Departamento de Microbiologia (CCB), adianta a professora.
A diretora do Centro de Tecnologia e Urbanismo, Eloísa Ramos Ribeiro Rodrigues, endossou a importância do investimento no sucesso do trabalho desenvolvido pelos pesquisadores. “Eu espero que os outros projetos que estão em andamento também possam vir a ser contemplados, os pesquisadores estão trabalhando nesse sentido. A gente carece muito desse equipamento para poder chegar em alguns resultados que de longa data já estão sendo pesquisados”, disse.
Este investimento foi possível graças à ampliação do orçamento destinado a programas e projetos da área de Ciência e Tecnologia, que subiu de R$ 517 milhões aplicados em 2023, maior número até então, para R$ 708 milhões em 2024 (alta de 37%), atendendo, além da Seti, Fundação Araucária e Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), também o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) e o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
“Aumentaram os partícipes, mas a cota-parte da Seti, que era de menos de R$ 30 milhões, agora é de R$ 348 milhões. Isso faz uma diferença muito grande. O que se pretende é que tenhamos a Ciência e a Tecnologia como motores do desenvolvimento econômico e social do estado em todas as frentes”, afirmou Bona.