
O Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seed), reuniu mais de mil alfabetizados contemplados pelo programa Alfabetiza Sergipe, na última terça-feira, 9, no Centro de Convenções AM Malls Sergipe, em Aracaju. O grupo representa, simbolicamente, os mais de 3,4 mil sergipanos que concluíram o processo de alfabetização ao longo de 2025. A iniciativa celebra o esforço dos estudantes, o trabalho das equipes pedagógicas e o compromisso da gestão estadual com políticas públicas de inclusão e transformação social por meio da educação.
Neste ano, o programa contabilizou 275 turmas concluídas em 33 municípios, com destaque para Aracaju, Simão Dias, Lagarto e São Cristóvão, responsáveis por quase um quarto das formações finalizadas. No total, 3.482 estudantes foram alfabetizados, muitos dos quais retomaram os estudos após longos períodos de afastamento.
O secretário de Estado da Educação, Zezinho Sobral, conduziu a solenidade de certificação e demonstrou ser a certificação um momento importante para a Educação sergipana. “É um programa constituído por lei, com recursos estaduais complementares dando bolsa aos que participam, com participação da Fundação Getulio Vargas, mas, acima de tudo, oferta àqueles que não sabiam ler, que não tinham o conhecimento das palavras, que não acessavam serviços, a oportunidade de construir sua história”, afirmou, ao destacar que o 'Alfabetiza Sergipe' é um reparo na história de vida daqueles que não tiveram oportunidade.
Educação que transforma
Os dados destacam o alcance amplo da iniciativa e o impacto positivo na vida de jovens, adultos e idosos que passam a exercer sua cidadania de forma mais plena, passam a escrever o nome e ler pela primeira vez. O jovem Carlos Henrique, 18 anos, foi um deles. Ele conta que pouco desenhava o nome, mas com o 'Alfabetiza Sergipe', já escreve por inteiro, lê palavras completas, além de ter sido incentivado à possibilidade de mudanças de vida. “Trabalho em um restaurante desde cedo. Apareceu a oportunidade de estudar. Está sendo uma sensação incrível. Conheci pessoas, coisas novas na aula. Agora penso em continuar. Em janeiro retorno aos estudos na EJA e quero ser advogado”, afirmou.
A dona Laudiceia Batista dos Santos, 75, representou todos os alfabetizados e se emocionou ao dizer que era um sonho ler nomes de ruas, rotas de ônibus e letreiros. “Meus pais tiveram 22 filhos e tivemos que trabalhar. Parei na 5ª série e esqueci tudo. Agora não paro mais e chegarei a uma faculdade”, enfatizou.
O servidor público Valdir da Silva, do município de Boquim, agradeceu ao Governo de Sergipe pelo programa. Na fala dele, agradeceu por ter dado a oportunidade de a mãe, Djanira Xavier da Silva, ter realizado um sonho de ser alfabetizada. “Minha mãe faleceu em outubro, mas não poderia deixar de vir aqui para agradecer o que o programa fez com ela. Cada vez que ela decifrava uma palavra, era uma vitória, era um ganho, uma alegria. Ela faleceu, mas orgulhosa de não ser mais analfabeta”, emocionou-se.
Redução das desigualdades
A execução do ‘Alfabetiza Sergipe’ foi viabilizada por meio de planejamento estruturado e investimentos expressivos, especialmente com a utilização responsável dos Saldos Remanescentes do Programa Brasil Alfabetizado, conforme as Resoluções nº 1/2024 e nº 21/2024. Do montante aplicado, R$ 16.591.546,35 foram destinados à contratação de serviço especializado da Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsável pela metodologia, formação e monitoramento pedagógico. Um aditivo de R$ 1.202.040,00 potencializou ainda mais a operação, permitindo a abertura de novas turmas em 2025.
O Governo de Sergipe também destinou R$ 1.572.300,00 ao pagamento de bolsas para os participantes, no valor de R$ 600,00 por alfabetizando, divididos em cinco parcelas. O apoio financeiro auxiliou no custeio de transporte, alimentação e cuidados familiares, fatores que historicamente dificultam a permanência de adultos em programas educacionais.
Para a especialista em Educação da Fundação Getúlio Vargas, Myrna Araújo, a metodologia em Sergipe permitiu disponibilizar material pedagógico, formação de coordenadores, e com a expertise de todos fizeram as atividades com os alfabetizandos. “O projeto teve quatro meses, formamos 348 turmas, e dessas, cerca de 300 chegaram ou chegarão ao nível três de alfabetização. Ou seja, eles sabem ler palavras, pequenos textos e interpretar. A gente acredita no programa, e a FGV veio se somar a essa história”, disse.
Para o gestor do programa Alfabetiza Sergipe, Everton Pereira, o momento representa uma conquista coletiva. “Alfabetizar pessoas que não tiveram acesso à educação formal no tempo adequado é mais do que uma ação pedagógica: é um ato de justiça social. Essas políticas corrigem desigualdades históricas e dão às pessoas o direito de participar ativamente de uma sociedade que sempre foi grafocêntrica e que, com as tecnologias digitais, exige ainda mais leitura, escrita e interpretação”, contou.
