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Consulta pública sobre gerenciamento costeiro encerra etapa participativa em Aracaju

População discutiu desafios e contribuições para a zona litorânea central de Sergipe

Thapio Nunes
Por: Thapio Nunes Fonte: Secom Sergipe
10/07/2025 às 16h30
Consulta pública sobre gerenciamento costeiro encerra etapa participativa em Aracaju
Gerco orienta políticas públicas para o uso sustentável da zona costeira sergipana / Fotos: Ascom/Semac

O Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Ações Climáticas (Semac), promoveu nesta quinta-feira, 10, a terceira e última consulta pública do Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro (Gerco). O encontro foi realizado no auditório do Colégio Estadual Atheneu Sergipense, no bairro São José, em Aracaju, reunindo representantes da sociedade civil, especialistas, gestores e comunidades da faixa litorânea central do estado.

A atividade faz parte de um conjunto de ações voltadas à atualização do Gerco, que orienta políticas públicas para o uso sustentável da zona costeira sergipana. Ao longo do último mês, outras duas reuniões ocorreram nos municípios de Estância (região sul) e Pacatuba (região norte). Em Aracaju, a escuta se concentrou nas demandas e particularidades socioambientais do ambiente costeiro da região central de Sergipe.

Durante o encontro, a equipe técnica responsável pela revisão do plano apresentou dados diagnósticos e projeções sobre o território, e abriu espaço para que moradores, representantes de instituições e setores produtivos pudessem apresentar sugestões, relatos e propostas.

A secretária de Estado do Meio Ambiente, Deborah Menezes Dias, agradeceu a participação ativa da população nas duas primeiras audições públicas e reforçou a importância da reunião como forma de contemplar os saberes de quem está diretamente envolvido com as questões locais do litoral do estado. “O objetivo de hoje é ouvir toda a população da região central do litoral de Sergipe, e isso é de grande importância para que possamos construir o Plano de Gerenciamento Costeiro de forma conjunta e participativa. É assim que conseguiremos, no futuro, construir políticas públicas de maneira mais assertiva e segura”, garante.

Participação ativa

A consulta na capital sergipana contou com lideranças comunitárias, ambientalistas, profissionais de áreas técnicas, pescadores, estudantes e representantes do poder executivo e de órgãos públicos dos municípios da região, como a secretária do Meio Ambiente de São Cristóvão, Janine Oliveira, e o diretor de Planejamento e Qualificação do Turismo da Secretaria Municipal de Turismo de Aracaju (Setur), Ícaro Carvalho. O momento foi marcado por contribuições relacionadas à urbanização, saneamento, conservação ambiental, condições de pesca e uso do território como local sagrado das religiões de matriz africana.

Segundo Genival Nunes, da Raiz Consultoria Ambiental, que conduz os estudos em parceria com a Semac, a construção participativa é essencial para garantir que o plano reflita as realidades e expectativas de quem vive o cotidiano da costa sergipana. “A partir dos dados primários e secundários, a oitiva dos moradores de cada região é a parte mais importante de toda a construção desse processo na área social, econômica e de preservação do ambiente costeiro de Sergipe”, reflete.

Para o membro do Fórum de Comunidades e Povos Tradicionais de Sergipe, Wanderlan Porto, a participação efetiva dos povos de terreiro na consulta pública é uma forma de proteger a natureza e garantir a própria existência. “Os povos de terreiro são em grande medida protetores e defensores do meio ambiente, porque somos constituídos e constituintes da natureza. Estamos aqui para defender que a natureza sirva não apenas para o uso racional, mas também para o uso sagrado e para a manutenção de práticas e saberes tradicionais”, sustenta ele.

Presidente da Federação de Pescadores de Sergipe, Marcos Menezes participou de todas as três consultas públicas feitas nesta etapa do processo. Para ele, esta é uma forma de garantir que a experiência dos pescadores seja contemplada em cada região. “Hoje trouxemos associações de pescadores da região central para mostrar as dificuldades que enfrentamos, e espero que o que foi discutido aqui seja transcrito e chegue nos políticos e deputados, para que implementem projetos que contemplem nossa realidade”, ressalta.
 
Região central

Compreendendo municípios como Aracaju, Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão, o trecho central do litoral se destaca pela presença de três bacias hidrográficas, e grandes áreas de expansão urbana. Entre os principais desafios apontados no diagnóstico estão o assoreamento e poluição de canais, erosão das margens dos rios e ocupação irregular em áreas de preservação. Além disso, 14 espécies da fauna sergipana apresentam algum risco de extinção na região, como o caso do Guaiamum e do Macaco Guigó, ambos em perigo de extinção, e da tartaruga-oliva, em situação de vulnerabilidade.
 
A equipe multidisciplinar envolvida no projeto, formada por geógrafos, biólogos, engenheiros ambientais, entre outros profissionais, apresentou os principais indicadores ambientais e socioeconômicos da região, com base em dados atualizados e levantamento de campo.

Próximos passos

Com o encerramento da etapa de consultas presenciais, o conteúdo reunido nas três audiências será analisado pelo Conselho Estadual de Gerenciamento Costeiro, com apoio da equipe técnica da Semac. As contribuições subsidiarão a versão final do plano, prevista para ser concluída ainda este ano.

Ao todo, o litoral sergipano abrange cerca de 163 quilômetros de extensão, distribuídos em 14 municípios. O Plano de Gerenciamento Costeiro busca estabelecer diretrizes para o uso equilibrado dos recursos naturais, considerando tanto a proteção ambiental quanto as atividades econômicas desenvolvidas na faixa costeira.

Secretária de Estado do Meio Ambiente, Deborah Menezes Dias
Secretária de Estado do Meio Ambiente, Deborah Menezes Dias
Membro do Fórum de Comunidades e Povos Tradicionais de Sergipe, Wanderlan Porto
Membro do Fórum de Comunidades e Povos Tradicionais de Sergipe, Wanderlan Porto
Participação popular marcou os debates na terceira consulta pública do Gerco
Participação popular marcou os debates na terceira consulta pública do Gerco
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