O Zoobotânico de São José do Rio Preto tem como novos moradores um casal de harpias (Harpia harpyja), também conhecidas como gavião-real, a maior ave de rapina do Brasil e considerada a mais forte do planeta. As aves, que chegaram ao Zoo em 15/05, são provenientes de uma apreensão do Ibama em São Francisco de Paula/RS e estão se adaptando com sucesso ao seu novo lar.
Após a chegada, foram coletados materiais biológicos e realizados exames clínicos, que atestaram a excelente condição de saúde de ambos os indivíduos. As harpias permaneceram, inicialmente, em uma área restrita para observação e alimentação, sendo posteriormente introduzidas em seu recinto, onde demonstraram capacidade e habilidade normal de voo. O recinto novo, inaugurado por elas, é exclusivo e de grande dimensão. Foi isolado da visitação até o final de junho para garantir uma ambientação tranquila.
O espaço conta com poleiros de vários diâmetros e posições, permitindo que as aves explorem praticamente todo o volume do ambiente, com cautela para não impedir voos longos. Um tanque de dimensões adequadas está disponível para banhos, e uma plataforma estrategicamente localizada é frequentemente provida de galhos e folhas para a construção de ninhos. Atividades com diversificação na forma de apresentação da alimentação estão sendo gradualmente introduzidas.
De acordo com o veterinário responsável técnico do Zoobotânico, Bernhard Von Schimonsky, a rotina de cuidados inclui alimentação variada com carnes como a bovina, frango e cobaias. “Já foram iniciados trabalhos de condicionamento para permitir pesagem e exames sem a necessidade de contenção física, minimizando riscos para as aves e para a equipe”, conta.
Embora a reprodução da espécie seja desafiadora, existe a possibilidade no Zoobotânico. Fatores como alimentação adequada, recinto com ambientação correta e limitação de estresse são cruciais para o sucesso reprodutivo.
O recebimento das harpias acontece por meio de um programa de conservação da espécie, em parceria entre Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente (MMA), a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). O Zoo se candidatou junto a esses órgãos, preenchendo todos os requisitos exigidos, como plantas arquitetônicas do recinto, equipe de funcionários e infraestrutura técnica. Periodicamente, o Zoobotânico informa a situação das aves e segue as orientações do programa.
A harpia sempre foi uma espécie emblemática do plantel desde a inauguração do Zoo em 1973, mas a instituição estava sem indivíduos desde novembro de 2018. “Por ser uma espécie ameaçada de extinção na maior parte de nosso território, é fundamental que os programas de conservação consigam ter uma reserva genética para futuras reintroduções", conta o veterinário. "Com essas iniciativas, o Zoológico de São José do Rio Preto cumpre uma das principais funções de um Zoológico, se não a principal, que é a de contribuir com a conservação das espécies ameaçadas de extinção", completa Bernhard.
O transporte das harpias de São Francisco de Paula/RS para São José do Rio Preto foi realizado por uma empresa especializada em transporte de animais silvestres. Por se tratar de uma apreensão, não há muitas informações sobre a idade das aves.