O Concurso de Quadrilhas Juninas do Gonzagão chegou ao seu quarto e último dia de classificatórias nesta sexta-feira, 27, com apresentações dos grupos Encanto do Matuto, Balança Mais Não Cai, Chapéu de Couro, Festa na Roça e Xodó da Vila. O grupo Todos em Asa Branca também se apresentou, mas foi desclassificado por atraso. Realizado pelo Governo de Sergipe, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), o concurso coincidiu com o Dia Nacional dos Quadrilheiros, data criada em 2011 para homenagear quem mantém viva essa tradição popular no Brasil.
A programação desta sexta foi, também, um momento de lembrar o quanto a quadrilha faz parte da história e da vida de muitas famílias. Há 40 anos no movimento, Valter Andrade, do grupo Balança Mais Não Cai, começou como dançarino e, hoje, atua como tocador. “Eu já venho de uma geração de quadrilheiros. É uma tradição muito importante, uma coisa que corre na alma, no coração. A gente passa o ano esperando esse momento. Começamos os ensaios em novembro e vamos até maio. Quando chega junho, é só ansiedade. Quando a gente sobe ali no palco e começa a tocar, já quer chorar, quer se emocionar. É uma sensação muito forte”, conta.
No grupo Encanto do Matuto, o quadrilheiro Elvis Souza também herdou o gosto pela cultura. “Meu tio era marcador, mas minha mãe não me deixava dançar porque eu era muito novo. Assim que completei 18 anos, entrei na quadrilha e nunca mais saí. Ser quadrilheiro é ter responsabilidade, é amor, é paixão. A gente faz cultura com o que a gente sente, e isso é muito importante”, afirma.
Conhecida como marcatriz, Elivânia Vieira é a única mulher marcadora do estado, dá continuidade ao legado dos pais, também fundadores da quadrilha Balança Mais Não Cai, de Itabaiana. “Além de marcar, a gente precisa buscar estratégias para manter a quadrilha viva. Tem sido difícil encontrar jovens interessados, muita gente só participa da quadrilha por obrigação nas escolas. Mas, graças à minha irmã, que é professora, conseguimos, este ano, uma turma nova que estamos preparando. O nosso objetivo é que eles realmente gostem da quadrilha, se envolvam, queiram permanecer. A gente vai em frente, com fé de que o próximo ano será ainda melhor”, frisa.
A quadrilheira Jane Costa, da Chapéu de Couro, falou da paixão que a acompanha desde a infância. “Sou filha de quadrilheiros, que também foram filhos de quadrilheiros. É algo que está no sangue, na raiz. Quadrilha é alma. A gente vive o São João e sentir o São João é o que o nordestino mais sabe fazer. É um sentimento que a gente não explica. Quem não vive, não entende”, destaca.
Reconhecimento histórico
Em 2024, as quadrilhas juninas conquistaram um marco histórico ao serem reconhecidas como manifestação da cultura nacional. A Lei nº 14.900/2024, sancionada no Dia de São João, 24 de junho, tornou oficial esse reconhecimento que coloca as quadrilhas juninas ao lado de outras manifestações culturais já reconhecidas, como as escolas de samba, o forró e as festas juninas.
Resultado da noite
Na última noite de classificatórias do Gonzagão, avançaram para a semifinal os grupos Xodó da Vila, em primeiro lugar; Chapéu de Couro, em segundo; e Encanto do Matuto, em terceiro. Foram eliminados os grupos Festa na Roça, Balança Mais Não Cai e Todos em Asa Branca.
A semifinal do Concurso do Gonzagão começa neste sábado, 28 de junho, a partir das 18h, no Complexo Cultural Gonzagão, com seis grupos na disputa por três vagas na grande final.