O calendário junino promovido pela gestão estadual  continua a tecer o rico mosaico cultural de Sergipe. Músicas, danças, artes e sabores gastronômicos permeiam as festividades que acontecem de forma descentralizada e abrangente, especialmente na Praça de Eventos da Orla da Atalaia, em Aracaju. Nesta sexta-feira, 27, não foi diferente. A Vila do Forró tornou-se palco de expressões culturais oriundas da Batucada Buscapé, grupo de Estância, município do sul sergipano, que mescla o ritmo contagiante dos instrumentos de percussão, repentes e das fortes batidas de pés com tamancos de madeira. 

Eline Martins reconheceu, ao longe, o som que ecoou pela Vila do Forró e se aproximou para acompanhar o cortejo.  Ela cresceu em Estância e, ao assistir a apresentação, reviveu memórias antigas de uma cultura que permanece viva e resistente ao tempo. “Eu fico muito emocionada de ver que desde quando eu saí da minha cidade, vim morar aqui em Aracaju, continua. Não morreu, não ficou lá na minha infância. Eu cresci vendo isso, então é muito especial pra mim ver que continua essa cultura e que as pessoas de fora têm a oportunidade de presenciar”, contou emocionada ao lado da filha pequena e esposo. 

Em ritmo de dança e com a neta nos braços, Noemi Lima também acompanhou o cortejo que percorreu toda a cidade cenográfica da Vila. “É cultura. Eu gosto desses eventos culturais, dessas manifestações. Tudo muito lindo, é raiz, né? Essas pessoas se esforçam para estarem se apresentando e mantêm a cultura”, salientou. 

Tradição 

A dança folclórica traz raízes de sua terra natal, conhecida como a ‘Capital Brasileira do Barco de Fogo’ e intimamente ligada à produção artesanal de fogos feitos com bambu. “Lá, em Estância, tem a confecção das espadas para o barco de fogo. Para fazer um barco de fogo, tem que fazer as espadas. Antigamente, eram confeccionadas pisando a pólvora no pilão, os homens pisando e cantando e as mulheres em volta também cantando”, explicou Josefa Assunção, conhecida como Dona Zefinha, mestra da cultura popular e fundadora da Batucada Buscapé, que, neste ano, completa 40 anos. 

São as mãos de Dona Zefinha, também artesã, que confeccionam as roupas de todos os componentes do grupo. Com o cachê que ganha das apresentações, investe no material que, segundo ela, reflete a identidade junina. “No São João, você sabe, são cores vivas”, detalhou. 

Mais de 30 pessoas integram a batucada hoje, a exemplo de seu Zito, responsável por um dos tambores. “No dia que eu morrer, quero a batucada tocando atrás. Não quero ninguém chorando, eu gosto de alegria, de dançar. No meu coração, a batucada bate forte. Eu me sinto feliz, é tanto que eu só toco dançando”, contou animado. 

É Fábio Santos quem puxa a batucada, como um espelho para os demais integrantes do grupo. Há mais de 23 anos na função, ele contou que participar dessa manifestação cultural sempre foi seu sonho de infância. Para ele, a presença do grupo na Vila do Forró é mais uma realização e oportunidade para atrair a atenção de turistas. “Eu acho maravilhoso. É cultura, tradição raiz há muitos anos. Então, é um sonho”, disse. 

O sonho também é compartilhado por Everaldo Santos, componente há mais de duas décadas. “Estamos aqui para representar a nossa cidade. Quando bate o tambor, a gente vibra na emoção”, frisou. 

País do Forró

O Arraiá do Povo e a Vila do Forró são uma realização do Governo de Sergipe, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap) e do Banese, em parceria com o Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. O projeto conta com o apoio da Energisa, Aperipê TV, Netiz, TV Atalaia, Prefeitura de Aracaju, FM Sergipe e TV Sergipe; e com o patrocínio da Eneva, Iguá Saneamento, Maratá, GBarbosa, Sergas, Deso, Pisolar, Celi Engenharia, Rede Primavera Saúde, SEGV e Indra.