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Com abordagem antirracista, escola valoriza herança afro-brasileira

Neste 13 de maio, dia em que se lembra aabolição da escravidão negra no Brasil- data em que a Lei Áurea foi assinada, em 1888, há, portanto, 137 an...

Thapio Nunes
Por: Thapio Nunes Fonte: Agência Belém
13/05/2025 às 09h00
Com abordagem antirracista, escola valoriza herança afro-brasileira
Foto: Agência Belém

Neste 13 de maio, dia em que se lembra aabolição da escravidão negra no Brasil- data em que a Lei Áurea foi assinada, em 1888, há, portanto, 137 anos -, a Prefeitura de Belém reafirma o seucompromisso com a construção de uma sociedade mais justa, equilibrada e com oportunidades para todos, independente de raça ou origem étnica. Nesse sentido, a gestão municipal destaca o trabalho desenvolvido pela Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Santana do Aurá, ligada à Secretaria Municipal de Educação de Belém (Semec) e localizada no bairro de Águas Lindas. Como fruto de um projeto que desenvolve a educação antirracista, a unidade, que atendemais de 200 alunosdo Jardim I ao 5 ano do ensino fundamental, foi contemplada, no ano passado, com o selo "Zélia Amador de Deus", entregue pelo Conselho Municipal de Educação de Belém. Segundo a entidade, o reconhecimento é dado para instituições de educação básica que desenvolvem e implementam ações pedagógicas e de gestão que tenham como foco a promoção daeducação para as relações étnico-raciais e igualdade racial.

Apresentação de trabalhos das turmas, na culminância do ano passado - Crédito: Agência Belém
Apresentação de trabalhos das turmas, na culminância do ano passado - Crédito: Agência Belém

De acordo com a gestora da escola, Carine Coelho, esse trabalho teve ínicio em 2021, durante as atividades dos alunos na biblioteca, quando eles começaram a ser instigados a consumir maisliteratura voltada à temática negra. A professora era Quelem Kallfman, que agora atua como coordenadora pedagógica. Ela e a gestora Carine abraçaram e começaram aexpandir o projeto, fazendo-o chegar a todos osprofessores, servidores e famílias. “Em 2023, conseguimos de fato mobilizar não só uma pequena parcela da escola, mas os professores como um todo, pais, estudantes e servidores da escola e, além das atividades de sala de aula, conseguimos trazerformação para os servidores, pois todos nós somos profissionais da educação ecombater o racismo é fundamental”, lembrou Carine. 

Segundo Quelem, logo no início do projeto, atemática da cultura africana e afro-brasileirafoi trabalhada a partir deobras literárias, depois isso foi se ampliando para o conhecimento sobre os 54 países que compõem o continente africano, asbrincadeiras, músicase outros elementos importantes de identificação dessas populações. “Isso foi fundamental para que eles conhecessem melhor acultura afro-brasileira e africanae, principalmente, para aprópria valorizaçãodeles enquanto pessoas pretas e pardas. Até2023, quase ninguém aqui se identificava como preto ou pardoe, já no ano passado, muita gente se identificou, o que mostra uma mudança de postura, que nós creditamos a esse trabalho”, explicou. 

As temáticas africanas e afro-brasileiras são trabalhadas em todas as turmas - Crédito: Agência Belém
As temáticas africanas e afro-brasileiras são trabalhadas em todas as turmas - Crédito: Agência Belém

Em 2024, o trabalho se consolidou ainda mais, com a culminância no final do ano eapresentações de todas as turmase convidados especiais, como como a professora da rede pública estadual Lília Melo, vencedora doPrêmio Professores do Brasil, um dos mais importantes do país. “As crianças reconheceram ela, porque já tinham pesquisado sobre algumas pessoas junto com as famílias. Isso foi muito legal”, frisou Carine. Foi também no final do ano passado que a escola obteve oselo "Zélia Amador de Deus", entregue pelo Conselho Municipal de Educação de Belém.

Professora Adelaide, coordenadora Quelem e gestora Carine, ao lado do selo
Professora Adelaide, coordenadora Quelem e gestora Carine, ao lado do selo "Zélia Amador de Deus" - Crédito: Agência Belém

Para a professora Adelaide Gomes, a ideia émudar a perspectivasobre acontribuição da população negra para a nossa sociedadee, ao mesmo tempo, usar aspotencialidades de quem mora alinaquela região, marcada pela existência do lixão do Aurá. “Trabalhamos esses conteúdos em todas as disciplinas, na língua portuguesa, matemática, ciências, história, geografia, fizemosbrincadeiras de origem africana, sem custo nenhum, usando materiais recicláveis, que muitas vezes as crianças têm acesso pela proximidade com o aterro. Construímosjogos, instrumentos musicais de origem africana, bonecas, com pedrinhas, cordas, tampinhas de garrafa. Também falamos muito sobre respeito à religiosidade de cada um, sem dúvida, foi umprojeto muito inclusivo, de várias maneiras”, completou. 

A professora Adelaide Gomes ajudou os alunos a construir jogos e brinquedos de origem africana, com materiais recicláveis - Crédito: Agência Belém
A professora Adelaide Gomes ajudou os alunos a construir jogos e brinquedos de origem africana, com materiais recicláveis - Crédito: Agência Belém

Neste ano, a escola está trabalhando com a temática dospovos originários, mais especificamente voltada para acultura indígenae os alunos estão empolgados. É o caso da pequena Ester Raiane, aluna do segundo ano do ensino fundamental. “Tudo o que eu aprendi foi muito legal, gosto muito dessa escola”, resumiu. 

A pequena Ester Raiane tem gostado dos aprendizados - Crédito: Agência Belém
A pequena Ester Raiane tem gostado dos aprendizados - Crédito: Agência Belém

Por conta do reconhecimento do Conselho Municipal de Educação, aescola recebeu um diploma e uma chancela adesivacunhada com a efígie da homenageada, Zélia Amador de Deus, professora da Universidade Federal do Pará,ícone da luta contra o racismoe identificada como promotora da igualdade racial em nível estadual e nacional.

Atividade exposta durante a culminância do ano passado - Crédito: Agência Belém
Atividade exposta durante a culminância do ano passado - Crédito: Agência Belém

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