Amamentar é um momento de total conexão da mãe com seu bebê, mas em algumas situações isso pode se tornar mais difícil devido a complicações no corpo da mãe ou com o bebê.
No caso da dona de casa Érika Gabrielle Mendes, essa era uma de suas maiores preocupações. O problema não foi a produção do leite, mas sim o seu bebê ter nascido prematuro, pois nasceu com apenas 32 semanas e segue internado na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI).
“O fato dela nascer de parto prematuro me pegou de surpresa. Ninguém planeja ter um parto prematuro, mas graças a Deus ela está se desenvolvendo bem e um fato pra mim que é muito importante é o amamentar. De início eu fiquei – Meu Deus, se meu leite secar? – porque a gente nunca sabe quando vai sair e aí eu ficava naquela, e se o leite secar, e se não descer o colostro que é o principal”, detalha.
Érika já é mãe do Enzo Gabriel que tem seis anos e conta que não teve dificuldades na primeira gravidez, mas que foi a primeira experiência e trouxe um misto de sentimentos e conhecimentos novos. Já a segunda gestação foi bem diferente da outra, pois a criança veio antes do tempo mesmo ela não tendo grandes dificuldades.
“A minha primeira gestação foi um misto de novidades. Tudo novo. Tudo que eu sentia eu queria saber se era normal, se não era por conta de ser o primeiro. Foi uma gestação cheia de conhecimentos. Graças a Deus, ele nasceu no tempo certinho, nasceu de 40 semanas, foi tudo ok, foi um parto cesáreo na época. Essa segunda já foi algo que me pegou de surpresa, teve mais enjoos no início do que a anterior, mas foi uma gestação tranquila em si”, lembra.
A dona de casa foi ao hospital para fazer uma consulta no dia 9 de abril e já ficou internada por 10 dias antes de ter a bebê. “Foram passando os dias, eu chorava, querendo ir embora pra casa, eu chorava com saudade do outro maior e ele não podia entrar para visita por conta das próprias regras do hospital. Aí eu conversei com a assistente social, consegui ver ele e quando foi para receber alta e deixar ela lá, eu chorava porque eu não queria mais ir embora, eu queria ficar lá com ela. Foi muito difícil sair, receber a alta e ela ficar lá, mas ao mesmo tempo eu sabia que se ela estava lá era porque Deus permitiu que ela tivesse e ela estava sendo bem tratada, bem cuidada”, argumenta.
Ela relata que já sabia da existência do banco de leite, mas não sabia detalhes. Quando ficou internada, começou a observar que as enfermeiras iam no quarto buscar os frascos de leite com outras mães e ficou curiosa para saber como funcionava. “Eu sabia que tinha um banco de leite lá e pronto. Antes de ter minha filha, durante esse período de internação, a gente acompanha situações de outras mães. Eu via a moça da vacina, enfermeira e tinha umas moças que iam ao recém-nascido de alguém, chegavam lá, davam o leite e via que elas estavam levando. Eu comecei a pensar – Essas mulheres são de onde? São da enfermaria? Não, são do banco de leite. Elas ajudam se não estiver conseguindo colocar a neném no peito. Ajuda se o peito estiver, por exemplo, cheio demais, empedrando. Foi quando deu um alerta na minha cabeça. Então se a neném vai para a UCI, eu vou atrás de alguém do banco de leite para tentar me ajudar nessa questão”, ilustra.
As técnicas e enfermeiras explicaram para Érika que ela também podia doar e que a doação ajuda a produzir mais leite ainda, além de ajudar outros bebês. “O fato de eu ver ela ali na UCI e acompanhar a carência, ver outros bebês que estão lá, às vezes que nasceram com menos idade gestacional do que ela. Eu vi a necessidade e achei importante. Às vezes tem mãe que não consegue vir na visita todo dia por morar longe ou por outras situações. Eu vi que se fosse na minha situação, eu ficaria triste. Eu queria que minha filha recebesse leite materno. Então se eu posso fazer isso, se eu posso ajudar, se eu posso ofertar o meu leite para outras crianças também, eu me sinto bem em fazer isso. Para mim é muito gratificante”, garante.
Sobre o sentimento de ser mãe, ela diz que é muito grata pois enxerga como uma missão que Deus a confiou. “Confiar uma vida em nossa responsabilidade é muito grandioso. Eu já tenho um de seis anos e agora com essa, foi uma experiência diferente da gestação e tá sendo também com o fato dela estar lá na UCI do Hospital Materno Infantil. A expectativa tá muito grande, o irmãozinho dela tá ansioso, o pai tá ansioso. Ela é uma criança esperada, uma criança que foi planejada. Estamos na expectativa máxima para receber, para recepcionar ela aqui, deixar as coisinhas dela tudo arrumadinho, tudo ok, só esperando ela”, expressa.
A alimentação das mães que ficam internadas no HMI também precisa ter os nutrientes necessários para que ela produza esse leite de forma saudável. E para que isso seja possível, quem define o cardápio é a nutricionista Tatiana de Quadros, que concilia a vida de mãe com a de profissional há 11 anos, desde que teve o primeiro filho.
Miguel veio como fruto de um sonho que Tatiana achou que seria frustrado, pois o diagnóstico era de que ela não poderia ser mãe.
“Quando descobri, foi maravilhoso, pois ser mãe é uma realização. E eu já era nutricionista, já trabalhava aqui, já tinha essa vivência todos os dias. E quando o médico falou que eu teria que passar por um processo de tentativas, foi um pouco frustrante e eu deixei esse sonho guardadinho na gavetinha. E veio de surpresa, não veio planejado, não precisei fazer tratamento, não precisei buscar nenhum método diferente. Foi Deus que me deu esse presente, os dois presentes, o Miguel e a Rebeca. Nenhum dos dois foi planejado, mas foram muito bem-vindos e muito amados. Foi o plano de Deus nas nossas vidas, na minha vida com meu esposo”, reconhece.
A nutricionista é concursada e trabalha na maternidade há 17 anos de segunda a sexta-feira pela manhã, tendo que retornar alguns dias à tarde para resolver pendências administrativas, além de plantão nos finais de semana, das 7h às 19h. “Tem alguns dias da semana que eu preciso ficar o dia todo por conta de eu ser coordenadora do setor. Então essa parte mais administrativa eu fico executando mais pelo período da tarde, questão de pedidos, licitação. Pela manhã a gente tem que organizar o cardápio, pedidos de compras, a lista de quem vai almoçar”.
No Dia das Mães a equipe da cozinha vai fazer um cardápio diferente pra elas, com uma comidinha mais caseira. “Para elas se sentirem acolhidas, se sentirem cuidadas nesse momento, a gente tá pedindo apoio também da secretaria com o café da manhã especial, então a gente vai fazer algo diferente pra elas. Sempre tem alguma coisa nessas datas comemorativas, Natal, Ano Novo, o dia das mães a gente sempre tenta fazer algo um pouquinho diferente do dia a dia, fazer uma sobremesa, uma lembrancinha, às vezes a gente deixa um recadinho na bandeja também, um carinho pra elas se sentirem amadas nesse dia”, frisa.
Em casa, a mãe tenta conciliar as atividades das crianças com a profissão, o lazer. De manhã as crianças vão para a escola e ela vai para o trabalho. Quando chega, ajuda eles com as tarefas e à noite ficam mais tranquilos juntos descansando. “Hoje tá mais fácil, tranquilo, porque eles estão maiores. Meu esposo busca na escola, leva para o almoço, e aí à tarde, alguns dias eu estou com eles. Os dias que eu trabalho pela tarde tem uma senhora que me ajuda com eles. E aí à noite a gente tá junto, mas eu tento organizar o horário de escola para o mesmo horário que eu estou no trabalho. A gente tem a rotina de fazer tarefa, de brincar com eles um pouco, tentar organizar de maneira que o tempo seja um tempo de qualidade, mesmo que seja pouco”, frisa.
Quanto ao lazer, ela relata que às vezes consegue viajar em família e ver atrações que a cidade oferece. “Tem viagens quando a gente consegue viajar com a família, feriado quando estou de folga, porque por trabalhar em hospital, às vezes trabalhamos no final de semana também. Mas tentamos passear. Ontem mesmo teve aquele barco que está atracado, a gente foi lá para eles visitarem, a gente vai no museu, vai no zoológico, a gente vai ter muita atividade na igreja. Então a gente tenta organizar a rotina deles em cima do que a gente tem disponível na cidade”.
Para a profissional e mãe, é desafiador conciliar os papéis e agradece ao hospital por tê-la ajudado em momentos que precisou. “Hoje em dia a mãe precisa sair de casa para trabalhar e eu sou muito grata à maternidade, porque já houve momentos de eu precisar da instituição me ajudar, os profissionais aqui atenderem meus filhos. Eu falo assim que eles cresceram nesse ambiente também, eles já precisaram vir aqui para serem atendidos e essa correria de ir para casa, deixá-los sozinhos às vezes com outras pessoas, estar aqui também no dia das mães, mesmo não estando com os meus filhos durante o dia, é uma maneira de retribuir o que Marabá já fez por mim. Então eu posso contribuir um pouquinho nesse momento maravilhoso, que é dessas mães que estão sendo, às vezes, pela primeira vez mãe”.
Tatiana finaliza deixando um recado para todas as mães que também precisam conciliar profissão e esse papel.
“Ser mãe é todos os dias. A gente é mãe 24 horas. O fato de estar fora de casa não me diminui como mãe. E para as outras mães também eu deixo esse recado: que aproveite o momento que está com seus filhos em casa. Seja mãe num período integral, dedique esse tempo aos filhos. E trabalhar fora também é uma maneira de priorizar a família, porque a gente está trabalhando para poder proporcionar algo melhor para os filhos também. Eu desejo para todas as mães nesse dia das mães, para as mães trabalhadoras, um feliz dia das mães. E que vocês possam amar muito seus filhos e serem amadas”, conclui.
Texto: Fabiana Alves
Fotos: Paulo Sérgio e Arquivo pessoal
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