No Maranhão, a cultura se manifesta em cada fio tecido, em cada ponto de crochê e tricô. O artesanato é mais do que um ofício: é uma herança passada de geração em geração, que resiste ao tempo e se reinventa. No Centro de Comercialização de Produtos Artesanais do Maranhão (Ceprama), artesãos preservam e inovam a arte manual, criando peças únicas que carregam identidade e história.
Nos últimos anos, a tecelagem, o tricô, o crochê e a produção de objetos decorativos com essas técnicas têm conquistado um público que valoriza o feito à mão. A busca por produtos artesanais cresceu não apenas pelo seu valor cultural, mas também pela qualidade e exclusividade de cada peça.
Estudos indicam que o setor artesanal representa cerca de 3% do PIB brasileiro, movimentando aproximadamente R$ 102 bilhões anualmente. O artesanato maranhense faz parte dessa força econômica, sendo um dos pilares da identidade cultural do estado.
A secretária de Estado do Turismo (Setur-MA), Socorro Araújo, destaca o impacto do artesanato na economia local e no turismo. “O artesanato não é apenas uma expressão cultural, mas um motor econômico. Ele gera empregos, fortalece o turismo e dá identidade ao nosso estado. O Ceprama, como braço do turismo, tem um papel fundamental na valorização desses mestres do fazer manual”, ressalta.
O tear
Com mais de 40 anos dedicados à tecelagem, Sotero Vital é um dos mais novos integrantes do Ceprama. Sua chegada trouxe um novo brilho ao espaço, com um tear que transforma fios em arte. Ele confecciona faixas de cabelo, caminhos de mesa e boinas, peças que encantam pelo acabamento impecável. “Cada peça que faço tem uma história. Meu trabalho é manual, sem pressa. Quem compra leva mais do que um produto, leva tradição, técnica e dedicação”, afirma Sotero.
Além da beleza das suas criações, ele destaca a importância do reconhecimento do artesanato como patrimônio cultural e econômico. “O Ceprama nos dá visibilidade e abre portas. Aqui, cada artesão tem sua marca e sua identidade”, afirmou o tecelão Sotero.
O crochê
O crochê, um dos trabalhos manuais mais antigos, se reinventa nas mãos de Raquel Matos e Ana Lúcia Ferreira Cunha, artesãs permissionárias do Ceprama.
Raquel Matos, que aprendeu crochê na adolescência, destaca como a moda de roupas de crochê, atualmente em alta, inspira a criação de peças também para crianças, por serem rápidas de confeccionar e encantadoras. Ela começou a trabalhar no Ceprama há mais de 15 anos, onde aprendeu a técnica de biojoias com sementes e, atualmente, une o crochê com as biojoias, criando peças únicas que refletem sua paixão pela arte e pela moda. Entre suas peças, também estão, calças, shorts, saias, tops, vestidos, biquínis, saídas de praia, além de acessórios como colares, pulseiras, brincos e anéis.
“Cada peça que crio é pensada para trazer conforto e estilo. O crochê não é só lembrança da vovó. Hoje, ele se reinventa na moda, seja nas roupas, nos biquínis ou nos acessórios, e se torna uma verdadeira arte que pode ser usada no dia a dia”, diz Raquel, que mistura o tradicional com o moderno em suas criações.
Ana Lúcia Cunha, por sua vez, se especializou na confecção de bolsas de crochê, provando que a técnica pode ser moderna e sofisticada. “O crochê não é só lembrança da vovó. Hoje, ele está presente na moda, na decoração e no dia a dia das pessoas. As bolsas artesanais são charmosas e sustentáveis, feitas com carinho em cada detalhe”, afirma Ana Lúcia.
Crochê Reggae
No Maranhão, o reggae não é apenas um ritmo, mas um estilo de vida. E foi com essa inspiração que Iracy Câmara uniu sua paixão pelo reggae à arte do crochê. “Sou conhecida como Iracy Crochê Moda Reggae porque comecei a criar peças inspiradas no reggae. Eu já era crocheteira quando o reggae estourou por aqui e resolvi trazer essa identidade para o meu trabalho”, conta.
Integrante da Associação Arte Paço, do Paço do Lumiar (MA), Iracy reforça a importância das associações para o fortalecimento do artesanato: “A união dos artesãos é essencial. Trabalhando juntos, conseguimos mais oportunidades e reconhecimento.”
Ceprama fortalece fazer artesanal
Além de preservar tradições, os artesãos garantem o sustento de famílias e inspiram novas gerações a darem continuidade a esse legado. A turista paulista Cristiane Araújo, que visitou o Ceprama, reforça essa conexão entre o artesanato e a identidade cultural maranhense. “Estou no Ceprama e adorando! Já fiz compras para minha família e amigos. Para aqueles que visitam o Maranhão, levar uma peça artesanal significa levar consigo um pedaço da cultura e da história desse estado tão rico em arte e criatividade”.
No mês de março, o Ceprama recebeu 305 visitantes nacionais e internacionais, sendo que 17 turistas de São Paulo vieram especialmente para conhecer o local e se encantar com o trabalho dos artesãos.
O diretor do Ceprama, Silverio Junior, Boscotô, reforça que os tecelões, crocheteiros e criadores de objetos decorativos não apenas mantêm viva a tradição artesanal, mas também movimentam a economia criativa do estado. “O Ceprama é um espaço de valorização do artesão maranhense. Aqui, cada peça carrega história, cultura e um trabalho manual minucioso. O reconhecimento desse setor é fundamental para que mais pessoas conheçam e adquiram produtos genuinamente maranhenses”, afirma o diretor, Boscotô.
Para quem deseja adquirir peças únicas e valorizar o trabalho dos artesãos maranhenses, o Ceprama é o destino ideal. O espaço reúne uma diversidade de produtos feitos à mão, carregando tradição e identidade cultural. Ele está localizado na Rua São Pantaleão, 1332, Madre Deus, São Luís, e oferece o melhor do artesanato maranhense. O Ceprama funciona de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados, das 9h às 13h.