No coração de Alcântara, onde outrora o algodão se entrelaçava com os fios da história colonial, renasce agora uma nova trama, tecida pela força da ancestralidade e pela esperança de um futuro agroecológico com a implantação do projeto Algodão Agroecológico Consorciado com Produtos Alimentares - Algodão da Liberdade, na comunidade quilombola São Maurício.

Para marcar esse novo ciclo, foi realizado um dia de campo que contou com a assinatura do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre o Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), Embrapa Algodão e a Prefeitura de Alcântara para dar início ao projeto no município de Alcântara.

O projeto Algodão da Liberdade tem foco em promover práticas sustentáveis na produção de algodão, visando a redução do uso de agrotóxicos e a preservação do meio ambiente. Com a técnica de plantio consorciado, o algodão será cultivado juntamente com cultivares de milho e mandioca, e permitirá a segurança alimentar das famílias. 

O secretário da SAF, Bira do Pindaré, afirmou a importância do projeto para as comunidades quilombolas do município. "Alcântara já foi um grande produtor de algodão no passado, mas era o algodão produzido à base de dor da escravidão, e, hoje, Alcântara retoma a produção de algodão como Algodão da Liberdade. A expectativa é grande para que o projeto, em breve, possa expandir para outros municípios do estado", disse o secretário Bira.

Durante o dia de campo também foram doadas sementes de algodão, mandioca e milho para que sejam cultivadas em consórcio, além disso foram entregues adubo e pulverizador de biofertilizante para auxiliar o desenvolvimento do projeto. 

A agricultora Eliane Rodrigues, beneficiária do projeto e moradora da comunidade São Maurício, comemora a chegada do projeto como uma esperança que brota da terra. "Não temos palavras para descrever esse momento, estamos muito gratos por esse olhar às comunidades quilombolas de Alcântara. O projeto vai incentivar nossos agricultores e toda a comunidade de São Maurício e comunidades vizinhas", ressaltou Eliane.

Em Alcântara, o projeto piloto está sendo implantado na comunidade quilombola São Maurício com abrangência às comunidades quilombolas Cajiba, Tiquara, Nova Alcântara, Anhenhequara, beneficiando diretamente 27 famílias, e indiretamente 60 famílias aproximadamente.  

Pelo projeto, serão capacitados técnicos e agricultores com orientações técnicas de cultivo de algodão agroecológico e orgânico, através da prática e experimentação participativa, com a implantação de unidades de aprendizagem e pesquisa, promovendo uma produção sem o uso de insumos químicos e com preços diferenciados.

"O projeto representa um passo importante na busca por soluções agrícolas mais sustentáveis e na preservação dos recursos naturais, e a colaboração entre a SAF, Prefeitura e a Embrapa Algodão é fundamental para o sucesso", pontuou o pesquisador da Embrapa, Frederico Lisita. 

O prefeito de Alcântara, Nivaldo Araújo, ressaltou a parceria e expectativa para colher, em breve, os frutos do projeto. "O projeto vem como uma esperança para as comunidades quilombolas de nosso município e agradecemos ao governo do Maranhão, pela SAF, e à Embrapa pelo trabalho que vem sendo feito, estamos juntos nessa missão para dar um novo sentido a história do algodão em Alcântara", afirmou.

O projeto

O Projeto Algodão Agroecológico - Algodão da Liberdade é coordenado pela Embrapa Algodão e financiado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), e conta com parceria da SAF, Consórcio Nordeste, Prefeitura de Alcântara e Sindicato dos Trabalhadores Rurais local.