Sensibilizar servidores sobre a importância do respeito à religião de matriz africana. Este foi o principal objetivo da roda de diálogo “A valorização da religião de matriz africana no Poder Público”, promovida pela Fundação da Criança e do Adolescente (Funac).
A ação aconteceu no Centro Socioeducativo de Internação do São Cristóvão (CSISC). Foi conduzida por Pai Itabajara Borges, da Casa Ilê Axé Akorô D’Ogum, radialista, membro da Comissão de Liberdade Religiosa da OAB/MA, além de Doutor Honoris Causa.
Segundo a presidente da Funac, Sorimar Sabóia, a iniciativa está inserida nas ações de assistência religiosa desenvolvidas pela Fundação e voltadas a socioeducandos e servidores, sendo um dos eixos da proposta pedagógica visando contribuir para o desenvolvimento dos socioeducandos no processo socioeducativo. “Trata-se de um dos direitos fundamentais previstos pela lei do Sistema Nacional do Atendimento Socioeducativo (Sinase) e deve ser garantida de acordo com a crença ou credo religioso do socioeducando e conforme seu desejo”, afirmou.
Para a diretora do Centro Socioeducativo de Internação do São Cristóvão, Paula Guterres, falar sobre assistência religiosa faz parte do projeto político pedagógico nos Centros Socioeducativo da Fundação e dialogar sobre a valorização da religião de matriz africana é de suma importância. “Trazer esse diálogo formativo para os profissionais da Socioeducação, que atuam diretamente com adolescentes e jovens nos Centros, é super necessário. É um trabalho de sensibilização e reflexão, de forma respeitosa, sobre a diversidades de crenças religiosas que vivenciamos no ambiente de trabalho”, frisou.
Conhecer para valorizar
Pai Itabajara Borges destacou que a iniciativa da Funac abre as portas do Poder Público para o debate sobre as religiões de matriz africana, o que ele vê como fundamental para que outros órgãos comprovem a importância desse debate. “Quando levamos essa temática para outra os espaços temos a oportunidade de ampliar este debate, que é muito importante para todos, visto que as religiões de matriz africana fazem parte da história do Brasil e no Maranhão é muito forte, consistente”.
Ele ressalta que, durante as rodas de diálogo, são colocados em pauta temas relacionados ao povo negro como um todo, tais como a discriminação e a intolerância religiosa e de gênero. “Por séculos tem havido uma demonização das religiões de matriz africana, o que é fruto, também, do desconhecimento. Temos que criar formas de combater esse preconceito e promover o debate em espaços públicos é uma das estratégias principais, até para que se entenda que nossas Casas de Santo não são, apenas, espaços para festas, mas, também, onde desenvolvemos projetos sociais e acolhemos quem precisa, independentemente de religião”, afirmou.