Maria Clara Oliveira sempre sonhou ter um emprego digno, mas ao longo da vida passou por situações de preconceito nos locais em que trabalhou por ser uma mulher trans. Foi então que conheceu, por meio de amigos, o programa Trabalho TransForma, do Governo do Estado, e decidiu participar.  

“Esse projeto me ajudou muito, porque dentro de mim tinha um bloqueio por já ter passado por muito preconceito no emprego anterior. Porém, eu queria perder esse medo. Então contando para minha amiga o que eu tinha do passado e minha vontade de voltar a trabalhar, ela conversou e me recomendou entrar no programa e pouco tempo depois surgiu a vaga e eu abracei, porque eu quero vencer esse preconceito”, conta.

O relato de Maria Clara exemplifica alguns dos muitos desafios enfrentados pelas pessoas trans para conseguir vagas formais de emprego. Diante dessa realidade, a Secretaria de Assistência Social, Inclusão e Cidadania (Seasic), em parceria com a Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo (Seteem), lançou a terceira fase do programa ‘Trabalho digno transforma’ com o Dia D da empregabilidade LGBTQIAPN+. A ação consiste no cadastramento do público LGBTQIAPN+ para vagas de capacitação e inserção no mercado de trabalho. 

A mais nova contratada por meio do programa da secretaria explica como o programa é importante para a comunidade trans. “É uma ótima oportunidade. Estou muito grata por vencer mais essa etapa e conseguir realizar essa vontade que tinha há tanto tempo, realmente vai transformar minha realidade”, considera. 

Nesse sentido, a diretora de inclusão e direitos humanos, Isabel Ferreira, destaca que a ação é muito importante porque traz um esforço efetivo e inclusivo do poder público para essa população, por meio de oportunidades de trabalho e qualificação profissional. “Estamos trabalhando para fortalecer ações que buscam atender às demandas do público LGBTQIAPN+. Acreditamos no potencial de todas as pessoas, com esse projeto queremos aflorar suas potencialidades, trazê-las para o mercado de trabalho com dignidade, autonomia e independência financeira”, declara a diretora.  

Ações efetivas

A secretária de Estado da Assistência Social, Inclusão e Cidadania, Érica Mitidieri, ressalta o compromisso da gestão estadual com a inclusão e a diversidade. “Nosso objetivo é garantir que todas as pessoas tenham acesso a oportunidades dignas e inclusivas, respeitando suas especificidades e promovendo a igualdade de direitos. A Seasic está empenhada em construir um Sergipe mais justo, com iniciativas que realmente transformam vidas e ampliam horizontes para a população LGBTQIAPN+”, afirma a secretária.

Além de fortalecer as ações de empregabilidade, a Seasic tem atuado de forma lúdica e educativa para conscientizar as pessoas sobre a diversidade de gênero e orientação sexual por meio da Coordenadoria de Políticas Públicas para a População LGBTQIAPN+. Realiza também ações conjuntas durante o ‘Sergipe é aqui’ e a Parada LGBTQIAPN+. 

Destaca-se ainda o programa Capacita+ Diversidade, que visa desenvolver habilidades fundamentais para assegurar um atendimento digno nos espaços públicos, promovendo uma sociedade mais inclusiva e diversa. Enquanto o Trans Retifica auxilia na retificação de nome e gênero, e tem como principal público-alvo as pessoas trans e objetiva solucionar as dificuldades, tanto de locomoção, quanto financeiras, para realizar a retificação. Nos últimos dois anos, 2023-24, cerca de 40 pessoas realizaram a retificação de nome e gênero.  

A Política LGBT+ do Governo de Sergipe é composta por um conjunto de diretrizes cuja operacionalização demanda planos contendo estratégias e metas, que em sua execução requer desafios e compromissos de todo o poder público. O coordenador da Política Pública da População LGBT+, da Seasic, Jonathan Santos destaca a importância da sociedade nas ações. “Tenho certeza que, em cada ação que realizamos, nós plantamos uma semente e que impactará cerca de 1,5% da população do estado, acima de 18 anos. Essa parcela do povo sergipano merece ser tratada com humanização, respeitando a diversidade”, salienta.