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Programa Celso Furtado promove ressocialização para reeducandos de unidades prisionais
O Programa Celso Furtado, promovido pela Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior da Paraíba (Secties-PB), tem mudado a realid...
06/01/2025 17h30
Por: Thapio Nunes Fonte: Secom Paraíba

O Programa Celso Furtado, promovido pela Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior da Paraíba (Secties-PB), tem mudado a realidade dos reeducandos da Escola Prisional Paulo Freire, no Complexo Penitenciário do Serrotão, em Campina Grande. Através do Projeto Plantas que Curam, eles estão recebendo não apenas qualificação profissional, mas também uma chance real de reintegração à sociedade.

Os reeducandos passaram os últimos meses aprendendo sobre plantas medicinais por meio do cultivo na Horta Orgânica Maanaim. Durante uma solenidade de culminância, eles tiveram a oportunidade de mostrar o que aprenderam. O evento reuniu representantes da Secties, da unidade prisional, da SEAP e da UFCG.

O Programa Celso Furtado está inserido no ciclo de Educação de Jovens e Adultos (EJA) no contexto prisional, buscando oferecer aos reeducandos uma educação que combine o ensino formal com o desenvolvimento de habilidades práticas e técnicas. Entre os projetos que fazem parte dessa iniciativa, está o trabalho voltado para o uso medicinal das plantas.

Segundo Giovania Lira, assessora técnica de inovação da Secties-PB, ao todo, sete projetos estão sendo desenvolvidos em unidades prisionais do Estado. "Temos um edital lançado voltado para as unidades prisionais, e o Presídio Serrotão é uma das unidades contempladas. O projeto envolve o uso medicinal das plantas, com reeducandos produzindo lambedores e chás, compartilhando esse conhecimento com outros e promovendo a intervenção positiva no processo educativo", explicou Giovania.

Esse aspecto de aprendizado prático, que envolve a produção de remédios naturais a partir de plantas, também tem impacto direto na saúde dos próprios reeducandos, ao mesmo tempo em que contribui com o ambiente coletivo do presídio. Valério Ribeiro, diretor da Escola Prisional Paulo Freire, ressaltou a relevância desse projeto:

"Esse projeto está dentro do ciclo 4 e 5 da Educação de Jovens e Adultos, portanto estamos lidando com alunos que são dos anos iniciais. Esse projeto tem importância fundamental, não só pelo desenvolvimento do conhecimento biológico sobre as plantas, mas também no desenvolvimento da escrita e da leitura. A partir do momento que eles começam a pesquisar sobre as plantas, escrever sobre seus poderes curativos, há um desenvolvimento tanto da leitura quanto da escrita. Além disso, o conhecimento adquirido contribui para o desenvolvimento técnico desses alunos, com um aprendizado valioso sobre as plantas medicinais", destacou o diretor da escola.

Gilma Darc Batista, professora orientadora do projeto Celso Furtado na escola, trabalha há 30 anos na unidade. Ela falou sobre o impacto do projeto e a importância dele, principalmente no que diz respeito à proposta educacional baseada nos princípios de Celso Furtado:

"Eles se empenharam bastante e ficaram muito satisfeitos. Sempre trabalhei com projetos educacionais ao longo da minha vida acadêmica e sou uma grande admiradora de Celso Furtado. Trabalhar em um projeto que é baseado no conhecimento dele, especialmente sobre economia sustentável, despertou em mim um grande desejo de fazer parte disso. O impacto do conhecimento sobre sustentabilidade e economia para esses reeducandos tem sido transformador", contou a professora.

Um dos exemplos disso é a história de vida de Francisco de Assis da Silva, de 58 anos. O reeducando está há 4 anos na unidade prisional do Serrotão e contou que chegou lá sem saber ler ou escrever. Com a oportunidade do projeto Plantas que Curam, ele não apenas desenvolveu a sua leitura, como também adquiriu conhecimentos medicinais. "Estou muito feliz em ter essa oportunidade, a vida errada me trouxe aqui, mas sinto que estou tendo uma nova chance. Com certeza vai me ajudar muito quando eu chegar lá fora toda essa educação que recebi aqui", disse Francisco.

Lenieferson Sucupira, diretor do Presídio Serrotão, destacou o impacto do conhecimento adquirido pelos reeducandos não apenas para sua reintegração, mas também para a comunidade. Segundo ele, o projeto oferece novas oportunidades de profissão e desenvolvimento:

"Estamos dando uma nova profissão para eles com o conhecimento adquirido. Acredito que, além da educação formal, o oferecimento de cursos técnicos é fundamental. Com esse tipo de aprendizado, os reeducandos têm uma chance de sair da prisão com uma profissão e com a autoestima elevada", explicou o diretor.

Ele também fez um importante apelo para a sociedade: "A sociedade precisa abraçar novamente esses indivíduos. Sempre digo que o reeducando de hoje pode ser o nosso vizinho de amanhã", completou Sucupira.

Programa Celso Furtado
O programa é inspirado na obra do economista paraibano Celso Furtado e busca unir saberes acadêmicos e sociais para o desenvolvimento sustentável. Entre os principais objetivos, estão: promover reflexões sobre desenvolvimento regional a partir da obra de Celso Furtado; incentivar o uso de tecnologias sociais e digitais em soluções inovadoras; e fortalecer a interação entre academia e sociedade por meio da divulgação científica.

Foto: Reprodução/Secom Paraíba
Foto: Reprodução/Secom Paraíba
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