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1º do País, Colégio Florestal de Irati alcança capacidade de 1 milhão de mudas por ano
Centro Estadual Florestal Presidente Costa e Silva atende 350 alunos e viveiro da unidade funciona como sala de aula. As mudas são distribuídas pa...
11/11/2024 10h22
Por: Rede THAP de Comunicação Fonte: Secom Paraná

A preocupação com o meio ambiente e o carinho pelo interior fizeram com que Bigail Albach, de 16 anos, escolhesse fazer o Ensino Médio junto com o curso técnico em Florestas, um combo que ela encontrou no Centro Estadual Florestal Presidente Costa e Silva, em Irati, na região Centro-Sul do Estado.

A instituição, que atende 350 alunos, é o primeiro colégio florestal gratuito da América Latina e funciona em um terreno de 170 hectares. O viveiro da unidade funciona como sala de aula e tem capacidade para produzir um milhão de mudas por ano, processo acompanhado pelos alunos.

“No momento em que estamos vendo tanta destruição da natureza, perceber que estou ajudando, através do cultivo, do cuidado, inovando e renovando as áreas verdes, é uma sensação de orgulho", celebra Bigail.

As mudas produzidas no local são distribuídas para entidades, escolas e projetos parceiros. Em setembro, 40 mil mudas de espécies nativas foram encaminhadas aos colégios agrícolas do Paraná, no lançamento do projeto AgroFlorestas, da Secretaria Estadual da Educação (Seed). Além disso, as mudas ficam disponíveis para recomposição de áreas degradadas ou como compensação de empresas em áreas de reflorestamento.

O contato dos alunos com o viveiro começa desde a primeira série do Ensino Médio. Para a aluna Kamily dos Anjos Camilo, de 16 anos, esse acompanhamento é importante para o aprendizado. “Como acompanhamos desde o cuidado com a semente até o cultivo e o desenvolvimento das mudas, conseguimos perceber que o esforço vai render mais para frente. Aqui, temos processos para acelerar o crescimento das mudas, inclusive para aumentar a produção e ajudar no reflorestamento”, conta.

As duas alunas, que estão hoje na segunda série, também são bolsistas selecionadas do Projeto de Iniciação Científica Júnior, desenvolvido em parceria com a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). O projeto das duas, que analisa como diferentes tipos de podas podem melhorar o desenvolvimento de mudas de erva-mate e ipês-amarelos, foi inteiramente conduzido no viveiro do Colégio Florestal. “O estudo vai permitir que, por exemplo, prefeituras possam planejar o melhor tipo de poda para garantir o crescimento adequado das mudas”, detalha Kamily.

"É com grande orgulho que acompanhamos o trabalho desenvolvido pelos estudantes do Colégio Estadual Florestal em Irati. A escola tem se destacado tanto pelas iniciativas voltadas à sustentabilidade quanto pelas inovações desenvolvidas no ramo do agro, preparando nossos jovens para serem líderes conscientes e responsáveis num futuro próximo", afirma o secretário da Educação, Roni Miranda.

DIDÁTICA– Segundo o diretor da Unidade Didático Produtiva do Centro Florestal, Igor Felipe Zampier, o colégio tem uma grade horária com 10 aulas diárias, em regime integral, divididas entre prática e teoria. “A teoria é em sala de aula, e, na parte prática, no viveiro, todas as atividades têm cunho pedagógico. Aqui eles acompanham e realizam desde a coleta de sementes, preparação, secagem, quebra de dormência para o plantio nas épocas e condições mais adequadas, até o preparo do solo e o acompanhamento do desenvolvimento pós-plantio”, explica.

A diretora do Colégio, Mariane Pierin Gemin, acredita que a metodologia tem impacto direto no futuro dos estudantes. “O conhecimento técnico de base científica está dentro de uma integração com o ensino médio. Todas as disciplinas da formação geral básica já têm um cunho direcionado para formar o aluno com uma visão de sustentabilidade, social, de empreendedorismo e que mostre a área florestal como uma possibilidade de projeto de vida”, reflete.

É o que pensa a aluna Bigail, que faz planos para os próximos anos. “O que tenho aprendido aqui, quero expandir. Pretendo fazer engenharia florestal, viajar para o exterior, fazer mestrado, doutorado, enfim, aprender e ajudar o meio ambiente”, elenca.

Dos 64 colégios pertencentes aos 64 municípios do Núcleo Regional de Educação de Irati, o Centro Florestal teve a segunda melhor pontuação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado em agosto. Segundo o levantamento, a escola registrou 6,3 pontos na avaliação.

MERCADO DO TRABALHO– Os resultados do Centro Florestal fazem com que a unidade seja constantemente acionada por grandes empresas que pedem indicação de técnicos formados no local. “Essas empresas têm aqui como referência em formação, hoje nós temos vagas no mercado para os alunos em vários lugares do Brasil, esperando os alunos que se formarão no final do ano”, explica Igor Zampier.

Em alguns casos, os alunos acabam voltando para o Colégio de uma maneira diferente. Elisson Girardi se formou na unidade, fez mestrado, doutorado e voltou para o Colégio como professor e hoje é coordenador. “O mercado florestal está aquecido e eu sou a prova de que a escola é importante na vida dos alunos. Emprego na área não está faltando e grandes empresas chegam até nós em busca de mão de obra”, comemora.

GANHANDO O MUNDO– Pela primeira vez, o Centro Estadual Florestal terá representantes no Ganhando o Mundo, projeto do Governo do Paraná que promove o intercâmbio estudantil para estudantes da rede pública em países do exterior. Gustavo Mateus e Ana Julia Woruby, ambos de 15 anos, foram selecionados na última edição do projeto. Ele terá como país de destino à Austrália. Já Ana, participará da primeira edição do Ganhando o Mundo Agrícola, com destino aos Estados Unidos.

“Nunca viajei de avião e o lugar mais longe que eu já fui foi Santa Catarina, para a casa do meu avô. A expectativa está alta, pois sei que é uma oportunidade para o meu desenvolvimento profissional e pessoal”, diz Mateus.

A jovem, que irá para um colégio agrícola no estado americano de Iowa, também se prepara para a primeira viagem de avião e diz que a "ficha” ainda está caindo. “Eu acho que no começo vou achar estranho, mas depois de quatro meses vai ser difícil voltar. Mas tudo que aprendo aqui vai ser importante para ver como é feito lá e também mostrar como fazemos aqui”, diz Ana.