A matemática é muito mais que fórmulas, equações numéricas, figuras e formas que aprendemos na escola. Faz parte do nosso cotidiano, seja ao fazer uma compra, usar o celular, gerenciar as contas da casa, dirigir um veículo, cozinhar ou brincar. Mas nem sempre é fácil entender como esta ciência se aplica, por isso a habilidade dos professores é fundamental na hora de ministrar a disciplina em sala de aula. Na Escola Estadual João Batista de Moura Carvalho, na Vila São Luiz, no município de Igarapé Açu, nordeste do Pará, a professora Raquel Nery incentivou a criatividade dos alunos ao trabalhar o conteúdo de geometria, um ramo da matemática que estuda figuras e formas dos objetos e suas dimensões.
“O processo de ensino-aprendizagem ocorreu de maneira lúdica e participativa. Primeiramente foi despertado o interesse dos alunos acerca da temática, na qual, em sala de aula, procurei trazer diversos objetos do cotidiano para que os alunos percebessem as formas às quais pertencem. Além disso, foram ministrados os conceitos de geometria plana e espacial, sem desassociá-la da prática”, explicou a professora.
A iniciativa faz parte do projeto “Mochila Maluca da Matemática: Figuras e formas geométricas", lançado pela professora Raquel, que envolveu 20 alunos do 6° ano do ensino fundamental. As atividades resultaram na confecção de mochilas de diversas formas e tamanhos, seguindo as principais figuras da geometria, que são: quadrado, retângulo, trapézio, losango e círculo. Os pais participaram de maneira ativa na elaboração das mochilas, auxiliando na escolha, confecção e até na apresentação dos materiais em sala de aula.
“Para além da aprendizagem sobre a geometria plana e espacial, a utilização dessa metodologia de ensino direcionou para o desenvolvimento de habilidades matemáticas essenciais para a escola e a vida em sociedade, trazendo vida a uma disciplina que muitas vezes é temida pelos alunos. Ao utilizar o lúdico e propor um projeto que saísse da rotina escolar foi percebido um rendimento significativo dos alunos de maneira geral, até mesmo daqueles que apresentavam dificuldades nas aulas de Matemática”.
O estudante João Guilherme, de 12 anos, usou a forma geométrica de um cubo, caracterizado como um poliedro de 6 lados, que possui todas as faces quadradas. “Tive como inspiração o ‘cubo mágico’ e eu gostei de fazer essa atividade porque utilizamos a nossa criatividade e imaginação. Aprendemos que podemos fazer qualquer coisa através das formas geométricas. Utilizamos materiais reciclagem para fazer algo de utilidade, que usamos no nosso dia a dia. Quero agradecer a professora Raquel por esse desafio de aprender algo novo”, declarou.
Outro trabalho apresentado durante o desfile das mochilas na escola foi do aluno Guilherme Lins, também de 12 anos. Com a ajuda dos pais, ele confeccionou um robô, utilizando formas e tamanhos diferentes. “Eu achei a experiência interessante, pois fui desafiado a usar a minha criatividade para fazer uma mochila maluca com formas geométricas. Confesso que foi trabalhoso, mas foi divertido. Até envolvi meus familiares: meu pai, minha mãe e meu irmão. Na mochila que produzi podemos ver as formas de quadriláteros e círculos”, disse.
A ideia de trabalhar o ensino da geometria de forma lúdica surgiu a partir do encontro formativo de professores, promovido pela Diretoria Regional de Ensino de Maracanã. A formação continuada faz parte das ações do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), que visam garantir a qualidade do ensino da rede pública, incentivando e investindo na qualificação docente.
“A formação continuada é uma parte importante no processo pedagógico da escola. Buscamos, junto a nossos professores do núcleo formador, trabalhar de forma prática, contribuir para a melhoria da qualidade do ensino, dando ferramentas que possibilitem uma prática pedagógica inovadora e exitosa. Sempre houve um desejo dos professores para que a formação continuada fosse mais presente, que fizesse parte do cotidiano da escola. Acredito que a grande sacada do secretário Rossieli foi trazer essa formação para dentro das DREs, criando um núcleo formador nas Regionais, para que nós não ficássemos dependentes apenas das formações que são dadas pela Seduc-sede. O resultado disso se revela como efeito cascata em todas essas práticas exitosas que nós temos hoje aqui”, afirmou a coordenadora pedagógica da Regional de Maracanã, Raimunda Letícia Monteiro.