O Grupo Quatroloscinco – Teatro do Comum ocupa a Zona Cultural Praça da Estação, no Centro de Belo Horizonte, Minas Gerais, com oEncontro Comum, entre os dias 18 e 29 de agosto. A Funarte MG é um dos espaços da programação. Gratuita, ela reúne exibições cênicas experimentais. Cada um dos trabalhos, inéditos, foi criado em parceria com um dos reconhecidos diretores da cena mineira: Eid Ribeiro, Ricardo Alves Jr. e Sara Rojo.
O “Encontro Comum” foca na interação do coletivo com os três diretores, convidados para construir experimentos cênicos de diferentes linguagens estéticas. Cada um deles “foi convocado a propor ao Quatroloscinco alguma ideia ou provocação criativa a partir de suas próprias pesquisas”, explica o grupo.
O Centro Cultural UFMG e o Teatro Espanca! também recebem a iniciativa, que comemora os 15 anos do coletivo –viabilizada pelo Edital Zona Cultural Praça da Estação 2021, da Secretaria Municipal de Cultura – Prefeitura de Belo Horizonte. Está programada, ainda, transmissão ao vivo, por meio de uma rede social do grupo – mais informações abaixo. Nos dias 18, 24 e 29 de agosto, está programada interpretação em Libras.
As apresentações
O primeiro experimento, intituladoPostremus, tem direção de Sara Rojo, com texto escrito por Assis Benevenuto, a partir do livroNoturno do Chile, do premiado escritor chileno Roberto Bolaño. A cena aborda a figura de um homem que, em seu leito de morte, rememora fatos de uma vida dedicada a ideais conservadores e tirânicos.
A segunda estreia, conduzida pelo diretor e cineasta Ricardo Alves Jr., é o curta-metragemKm 592. O trabalho dá continuidade à pesquisa que o Quatroloscinco vem desenvolvendo no cruzamento entre teatro e cinema, desde o espetáculoTragédia(2019) – também dirigido por Alves Jr., passando pelo projeto de leituras em formato audiovisual realizado na pandemia (2020-2022) e pelas releituras em vídeo que o grupo fez de alguns de seus espetáculos no início de 2023. Durante a projeção da obra, filmada nos arredores de Belo Horizonte, o elenco realizará intervenções cênicas no espaço de exibição.
JáCrônicas da rua, trabalho cênico realizado em parceria com Eid Ribeiro, é uma “leitura performática” de uma parte das crônicas escritas por Eid e publicadas num grande jornal da Capital Mineira, no final da década de 1990. A proposta dos textos é trazer “um olhar particular sobre a cidade e sobre os costumes da época”. A leitura “joga luz para a escrita sagaz e irônica de Ribeiro”, informa a produção. Mostra uma produção pouco conhecida prestigiado do encenador e dramaturgo.
Sobre oEncontro Comum
O Quatroloscinco destaca que o caráter experimental da proposta doEncontro Comumpermitiu ao grupo buscar novas formas de criação e diferentes configurações. Segundo Marcos Coletta, membro cofundador do coletivo, uma característica fundamental do projeto é que os trabalhos contaram com a participação de três diretores/artistas que vêm de lugares completamente diferentes, são de gerações distintas e possuem estéticas variadas. “É muito interessante para nós, como grupo, poder passear por toda essa diversidade. É um laboratório experimental”, comenta.
Outro alvo da iniciativa é intensificar a relação permanente do Quatroloscinco com a Zona Cultural Praça da Estação. O grupo estreou todos os seus trabalhos mais recentes na Funarte MG e no Teatro Espanca!.Também surgiu nessa região aeditora responsável pela publicação de todas as obras do coletivo, fundada por Assis Benevenuto – integrante do coletivo – a qual, segundo os artistas é uma das principais casas editoriais do teatro nacional. Os artistas já realizaram diversas oficinas na região, em espaços como o Centro Cultural UFMG, o Centro de Referência das Juventudes (CRJ) e CentoeQuatro, além dos já citados. Diz Coletta: “muita coisa do grupo aconteceu nessa região. É um espaço no qual a gente se reconhece, um território nosso. Apesar de o Quatroloscinco não ter uma sede fixa, nós sempre estamos por ali [...]. É também uma zona central, de fácil acesso ao público, o que permite que mais pessoas possam nos assistir”.
Em relação aos encontros com Eid Ribeiro, Ricardo Alves Jr. e Sara Rojo, com os quais o grupo já havia iniciado diálogo, em outras ocasiões, Coletta assinala que essa é uma das partes mais interessantes de se ter um grupo com trajetória continuada. “As pesquisas não precisam ser desenvolvidas apenas em um único trabalho, em uma ocasião. Elas podem ficar ali guardadas para os próximos encontros. Talvez essa seja a tônica do Quatroloscinco: todas as nossas peças e todas as nossas pesquisas de linguagens são o resultado de encontros entre pessoas”, conclui.
O Quatroloscinco– Teatro do Comum
O grupo foi formado em 2007, na Capital Mineira. É integrado pelos artistas Assis Benevenuto, Ítalo Laureano, Marcos Coletta, Maria Mourão e Rejane Faria. Mantém trabalho continuado de pesquisa e prática teatral baseado na criação coletiva e autoral sob uma estética contemporânea. Busca “uma cena centrada na atuação performativa, no trabalho com o texto” e na relação e comunicação com o público. Realizou mais de 300 atividades e circulou por 82 cidades de 21 estados do Brasil e em outros países, tais como Uruguai, Cuba e Argentina. Criou sete espetáculos e produziu seis livros, que reúnem seus textos teatrais.
Os convidados
Eid Ribeiro (1943)– Dramaturgo, roteirista e diretor teatral, já dirigiu e escreveu para coletivos como Grupo Galpão, Grupo Teatro Delle Radici (Suíça), Grupo Trama, Cia. Acômica e Grupo Armatrux. Foi ainda fundador do Grupo Geração, coletivo teatral que atuou na resistência à ditadura militar no Brasil. Jornalista de diversos veículos mineiros e fluminenses e curador e diretor de programação do FIT-BH. Sua obra traz “referências que vão do teatro moderno norte-americano e europeu aos circos mambembes do Brasil; do experimental ao popular; do grotesco ao sublime; do existencial ao político”, informa o Quatroloscinco. Suas primeiras peças de teatro foram escritas durante sua internação num hospital, devido a uma tuberculose, onde fez teatro com outros pacientes. Depois, em 1965, ingressou no Teatro Universitário. Desde então, seus textos já foram encenados por várias companhias, com montagens assinadas por diversos diretores do país, vencedores de concursos e prêmios.
Ricardo Alves Jr.(1982) – É cineasta, produtor e diretor teatral. “Seus filmes foram exibidos em alguns dos mais importantes festivais de cinema do mundo, tais como a Semana da Crítica do Festival de Cannes, Berlinale, Rotterdam, Locarno, Oberhausen, KarlovyVary, IndieLisboa, Santa Maria da Feira, Festival do Rio, Festival de Brasília, dentre muitos outros”, registra o grupo teatral. Teve também trabalhos exibidos em importantes museus, como o Centre Pompidou, de Paris (FR), e o Reina Sofia, de Madri (ES). Em 2013, a Cinemateca Francesa, na Capital do país, apresentou uma retrospectiva sobre sua obra de curtas-metragens. Em 2017, lançou seu primeiro telefilme, o especial para a TV abertaO Natal de Rita. Dirigiu, juntamente com a atriz Grace Passô, o média-metragemVaga Carne, com estreia mundial no Berlinale 2020 – em Berlim, Alemanha. No teatro mineiro dirigiu produções reconhecidas, na década de 2010.
Sara Rojo(1955) – Diretora teatral há mais 40 anos, é professora Titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi uma das fundadoras do Curso de Graduação em Teatro dessa instituição de ensino e é bolsista de produtividade do CNPq. Graduada em Letras pela Pontificia Universidade Católica (PUC) – Chile, é mestra em Letras Hispânicas pela PUC Chile e em Artes pela Universidade do Estado de New York, onde também concluiu doutorado em Literaturas Hispânicas. Tem três títulos de pós-doutorado: nas universidades Degli Studi di Bologna (Bolonha, Itália) e do Chile; e na Cinemateca Nacional desse país. Fundou em 1995, em Belo Horizonte, o Mayombe Grupo de Teatro, assumindo a direção dos 12 espetáculos do coletivo. Foi indicada, por melhor direção teatral, ao Prêmio Sated/MG, do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões no Estado de Minas Gerais, e ao Prêmio Sinparc 2013. Desde 2014, é também diretora do Grupo Mulheres Míticas, com o qual, em 2018, venceu o 4º Prêmio Beagá Cool, na categoria Artes. Nos últimos anos, trabalhou com alguns dos nomes mais importantes da cena latino-americana contemporânea, como Guillermo Calderón, Santiago Loza e Isidora Stevenson. Possui livros, artigos e capítulos publicados sobre teatro latino-americano, literatura e cinema.
Encontro Comum
Belo Horizonte (MG)
Entrada gratuita
Transmissão ao vivo, pelo Instagram
Acessibilidade: nos dias 18, 24 e 29 de agosto haverá intérprete de Libras
18 e 19 de agosto, sexta-feira, às 20h; sábado, às 17h
Postremus
Autoria:Quatroloscinco + Sara Rojo
Local: Funarte MG – Rua Januária, 68, Centro
Classificação indicativa: 16 anos
23 e 24 de agosto, quarta e quinta-feira, às 20h
Km 592
Autoria: Quatroloscinco + Ricardo Alves Jr.
Local: Teatro Espanca! – Rua Aarão Reis, 542, Centro
Classificação indicativa: 12 anos
28 e 29 de agosto,segunda e terça-feira, às 20h
Crônicas da rua
Autoria: Quatroloscinco + Eid Ribeiro:
Local: Centro Cultural UFMG – Av. Santos Dumont, 174, Centro
Classificação: 12 anos
Apoio
Secretaria Municipal de Cultura – Prefeitura de Belo Horizonte
Edital Zona Cultural Praça da Estação 2021
Ficha técnica
Realização e atuação: Grupo Quatroloscinco– Teatro do Comum(Assis Benevenuto, Ítalo Laureano, MarcosColetta, Maria Mourão e Rejane Faria) | Participação artística especial: Michele Bernardino | Produção: Maria Mourão |Trilha sonora: Marcos Coletta (execução musical ao vivo em uma das cenas) | Iluminação: Marina Arthuzzi | Assessoria de figurinos: Jéssica Ribas | Comunicação: Felipe Cordeiro e Márcio Bastos
Mais informações sobre o projeto
Site: www.quatroloscinco.com | Instagram: @quatroloscinco | Facebook: /quatroloscinco | Youtube: @quatroloscinco
Mais informações sobre a Funarte MG
funartemg@funarte.gov.br